Falece Ariano Suassuna, escritor brasileiro, aos 87 anos; Dilma Rousseff e Renan Calheiros lamentam em nota
Após o falecimento de João Ubaldo Ribeiro, a literatura brasileira perde outro grande nome. Durante a tarde desta quarta-feira (23) o escritor, dramaturgo e poeta paraibano Ariano Suassuna, que estava hospitalizado desde a noite de segunda (21) na UTI do Hospital Português, em Recife, faleceu aos 87 anos.
De acordo com o boletim médico, o escritor, que foi submetido a uma cirurgia de emergência após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) do tipo hemorrágico, faleceu às 17h15. "O paciente teve uma parada cardíaca provocada pela hipertensão intracraniana".
Já na terceira semana seguida, a Academia Brasileira de Letras perde um escritor. Lembrando que antes de Ariano, faleceram Ivan Junqueira e João Ubaldo.
Além de escritor Ariano também era dramaturgo e ocupava a cadeira nº 32 da ABL. As principais obras de Suassuna são o "Auto da Compadecida", que foi adaptado para o cinema, "O Santo e a Porca" e "O Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta".
A morte do escritor recercutiu de forma estrondosa nas redes sociais. Muitos fãs de seus trabalhos lamentaram a perca de Ariano, incluindo o presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e a presidente da República Dilma Rousseff (PT). Em nota divulgada após a confirmação do óbito, Renan classificou o falecimento como "ma perda irreparável para a cultura nacional".
"Ao longo de 87 anos, Ariano soube como poucos revelar as nuances da cultura nordestina. Paraibano, fundou o Movimento Armorial nos anos 70, que tinha como objetivo utilizar a cultura popular para formar um arte erudita. A perda do escritor nos silencia, mas seus livros o eternizam na nossa memória. Em cada peça popular, em cada canto nordestino, Ariano Suassuna, reviverá", disse Renan em seu texto.
A escritora Lya Luft também se pronunciou sobre a perca de Ariano em entrevista: "A Academia está sendo meio devastada, perdemos muita gente boa. Ele tinha uma grandeza, uma efervescência. Ele mostrou o drama, a alegria. O Ariano é desses escritores que a gente lia, admirava, mas adorava conhecer. Ele ainda viajava, ia para o interior, pelo Brasil afora, mesmo com a saúde combalida. Era um grande mestre e um dos grandes patriarcas da nossa literatura. Ele é uma pessoa insubstituível na nossa literatura. Estamos todos de luto", afirmou ela.
Em nota divulgada à imprensa, Dilma Rousseff relembrou seus encontros com o escritor e classificou a obra de Suassuna como" essencial para a compreensão do Brasil". "O Brasil perdeu hoje uma grande referência cultural. Escritor, dramaturgo e poeta, Ariano Suassuna foi capaz de traduzir a alma, a tradição e as contradições nordestinas em livros como Auto da Compadecida e Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta. A obra de Suassuna é essencial para a compreensão do Brasil. Guardo comigo ótimas recordações de nossos encontros e das suas histórias. Aos familiares, amigos e leitores, meus sentimentos neste momento de perda", disse.