Último adeus: Ariano Suassuna é sepultado com homenagens de "cavaleiros medievais"
No fim da tarde desta quinta-feira 924), após quase 20 horas de velório, foi sepultado o corpo do escritor e dramaturgo paraibano Ariano Suassuna, falecido na última quarta-feira (23), aos 87 anos de idade.
A morte de Suassuna ocorreu em Recife, após sofrer um AVC hemorrágico e passar por uma cirurgia de emergência, ficando na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) em coma, respirando com ajuda de aparelhos. O cortejo que levou o corpo do escritor foi seguido por milhares de fãs entre motociclistas a, carros e e pequenas multidões que foram se formando no trajeto até o cemitério Morada da Paz, em Paulista (Grande Recife), para aplaudir o artista .
Já no enterro, Ariano recebeu homenagens de "cavaleiros medievais", personagens de sua obra. Cinco duplas de cavaleiros que simbolizavam mouros e cristãos do livro "O Romance d'A Pedra do Reino" cruzaram suas lanças sobre o caixão, assim como faziam sobre Ariano Suassuna quando ele chegava montado às cavalgadas em São José do Belmonte, no interior de Pernambuco.
O caixão com o corpo de Suassuna chegou ao cemitério às 16h48, sob uma salva de tiros e aplausos.
"Todos nós que fazemos cultura fomos influenciados por esse modo de pensar [de Ariano]. Aqui vamos seguir sua brincadeira, que é muito séria", disse o cantor e compositor Chico César, também prestando seu último adeus ao escritor emblemático.
Um dos netos de Suassuna leu o poema "A Mulher e o Reino", escrito pelo paraibano para a mulher, Zélia, que acompanhou toda a cerimônia, e uma outra neta discursou, agradecendo a mobilização das pessoas que foram se despedir de seu avô. Entre os presentes, vez ou outra alguém gritava emocionado "Viva Ariano Suassuna!", arrancando aplausos dos demais.
Por volta das 17h21, sob chuva de pétalas de rosas brancas e vermelhas, o caixão com o corpo de Suassuna começou a ser enterrado, enquanto a família, amigos e fãs rezavam por sua alma.