Woody Allen, o pedófilo endeusado pelos 'cinéfilos'
Diretor continua ileso após acusações de Dylan Farrow
Hollywood. "Palco" de inúmeras realizações gloriosas para o cinema que, até hoje, transformam a vida de milhões de pessoas através de atuações, direções, produções e demais funções atribuídas a cada um que colabora com determinado filme. Entre ídolos de gerações, há verdadeiros monstros, fortemente adorados pelos seus trabalhos e amplamente odiado por qualquer pessoa que tenha sofrido algum tipo de negatividade com sua existência. É isso que o cenário hollywoodiano está tentando modificar com os atuais movimentos em defesa das mulheres que sofreram abusos em algum momento da carreira.
Com divulgações cada mais mais escandalosas, várias figuras masculinas começam a cair no poço da mancha de imagem, mas se for parar para fazer uma lista de quantos "machos" cometeram assédio sexual nas indústrias audiovisual e fonográfica ao redor do mundo, teríamos que contar com a ajuda de algum algoritmo de anotação ou várias pessoas em caráter colaborativo, pois não haveria tempo o suficiente para uma pessoa preencher tudo sozinha, em tempo real. Entre todos os nomes e todas as críticas negativas lançadas na web, entretanto, não se vê Woody Allen, que apesar de ser apontado por sua filha, Dylan Farrow, como perigoso, já que teria abusado sexualmente da moça quando ela ainda tinha sete anos de idade, acaba de fechar contrato milionário com a Amazon, mostrando que, acima de sua possível monstruosidade, há seu acervo de obras, e isso é o suficiente para que boa parte das pessoas ignore o que Farrow, aparentemente frustrada e indignada com a situação (com razão), tem a falar.
"Eu sou confiável e eu estou dizendo a verdade, e acho que é importante que as pessoas percebam que uma vítima, uma acusadora, importa. E que são suficientes para mudar as coisas", afirmou a moça durante entrevista realizada na última segunda-feira (15), quando também aproveitou para questionar o porquê de outras celebridades, como Harvey Weinstein terem sido banidas de Hollywood e seu pai não. “Por que Harvey Weinstein e outras celebridades acusadas estão sendo banidas de Hollywood, enquanto Allen recentemente garantiu um contrato milionário com a Amazon? O sistema funcionou para Harvey Weinstein por décadas. E continua funcionando para Woody Allen”, disparou Farrow, deixando bem claro o descontentamento com o quão contraditório está sendo o nível das decisões tomadas em Hollywood.
“Há muito tempo eu mantenho que quando eu tinha 7 anos de idade, Woody Allen me levou para o sótão, longe da babá que estava instruída a nunca me deixar sozinha com ele. Então ele abusou sexualmente de mim. Eu disse a verdade para as autoridades, e eu tenho dito isso, sem alterações, por mais de 20 anos”, reafirma a moça, que não tem medo de aparecer em público para relatar o que aconteceu na época. Para piorar a situação e para mostrar que, na verdade, mundo se mantém com um nível assustador de doença, diversos comentários coletados na web mostram que os internautas, no final das contas, defendem o cineasta e acusam vítimas de aproveitarem o período de protestos para garantir notoriedade e dinheiro. "Agora a moda é acusar famoso de estupro por algo que aconteceu há décadas", diz um internauta na sessão de comentários de determinado portal de notícias, seguido por vários outros que, em suma, dizem exatamente a mesma coisa, ora defendendo seu trabalho como cineasta, ora disparando palavras tão aleatórios que praticamente reforçam a facilmente identificável ignorância de seus "escritores". "Desmerecer o trabalho de Woody Allen, uma figura esplêndida do cinema, por causa de acusações que nem sabemos se é verdade, chega a ser piada", defende outro usuário.
Alec Baldwin, que já esteve presente em três filmes de Woody Allen, forneceu ombro e total apoio ao diretor, caminhando contra a maré, já que outros atores e demais envolvidos na indústria do ramo procuram manter distância no momento. Para ele, renunciar ao cineasta é injusto. Pelo menos de um ponto de vista decente e racional, acredita-se que renunciar a um cineasta talentoso, porém maníaco, não deve ser considerado algo negativo. Certo?