Festa de blogueira com teste de Covid-19 na quarentena reforça soberba da elite
A contar do início da pandemia, já se perderam as contas de quantas vezes a elite mundial apareceu em graves relatos de violação das medidas sanitárias para contenção da Covid-19. Ávidos por algum tipo de destaque, muitos dos membros mais privilegiados da sociedade aproveitam os próprios recursos em benefício próprio e, por diversas vezes, compartilham suas realidades nas redes sociais, talvez como reforço à própria grandeza.
No último final de semana, internautas não se conformaram com o vídeo compartilhado pela empresária Bela Lorena durante festa de aniversário da amiga Fabianne Fonseca em Brasília, com direito a uma dupla de enfermeiras realizando teste para o novo coronavírus na porta do evento. Com repercussão negativa instantânea, Lorena afirmou posteriormente que estava arrependida do vídeo, em relato enviado ao Uol.
"Não temos muito o que dizer. A postagem do vídeo realmente foi infeliz, acabou sendo interpretado como um deboche com tudo o que vem acontecendo no mundo, mesmo não tendo sido a intenção. Não somos blogueiras, nem famosas, não influenciamos ninguém, postei sem malícia alguma para os meus amigos na minha conta de Instagram pessoal", contou a empresária.
No mesmo dia da festa de Lorena, a blogueira Flay Leite também comemorou seu aniversário em Brasília e afirma que seguiu o protocolo de testagem para realizar o evento com 15 convidados. "Sou jornalista e também me preocupo muito com o momento difícil que estamos vivendo, jamais colocaria a vida das minhas amigas que amo ou dos meus funcionários em risco", afirmou.
Recentemente, a influenciadora digital Gabriela Pugliesi também se envolveu em polêmicas semelhantes, ao fazer uma reunião com amigos em casa após se recuperar do novo coronavírus (ela foi a primeira figura pública a ser confirmada com a doença no Brasil).
Mas estes são apenas os azeites que regam o prato principal da controvérsia elitista diante das adversidades globais, e não é à toa que grandes empresários, como o dono da Havan, Luciano Hang, o dono do Madero, Junior Durski, ou o dono das redes de academias Smart Fit e Bio Ritmo, Edgard Corona, encabeçam frentes de apoio ao presidente Jair Bolsonaro e trágicas oposições às determinações das autoridades médicas. Suas vantagens sobre os demais não podem ser feridas.
Cabe aos membros da elite mais engajados com as causas sociais e as lutas por igualdade apresentarem suas forças com a mesma intensidade implacável dos apoiadores da "supremacia conservadora", que enfrentam as mais poderosas esferas do poder e, devido às respectivas posições no mercado, saem praticamente ilesos de incontáveis crimes de irresponsabilidade. Episódios como o de Bela Lorena ou de Pugliesi não são os primeiros, nem os últimos. A soberba da elite - a classe mais preparada para auxiliar os desprotegidos - é um dos principais obstáculos da crise.