Marcelo Adnet dribla entrevista bizarra de Vera Magalhães e Marcelo Tas no Roda Viva

O convidado soube lidar com perguntas inconvenientes e desconhecimento dos anfitriões
O convidado soube lidar com perguntas inconvenientes e desconhecimento dos anfitriões
Marcos Henderson
Por Marcos Henderson

Vera Magalhães e Marcelo Tas conduziram uma entrevista bizarra com Marcelo Adnet no Roda Viva exibido na última segunda-feira (18) e rapidamente entraram para a lista de assuntos em destaque nas redes sociais, sobretudo depois que o ex-CQC se orgulhou de disparar críticas infundadas a uma suposta "censura do humor" em Cuba. 

Na ocasião, Tas inflou a postura anticomunista ao questionar a ideologia política do convidado com argumentos dignos de fóruns conservadores de alto escalão da direita brasileira, ou seja, sem a menor comprovação: "Quando você fala que é de esquerda, você nunca reparou que em Cuba não existe humorista? Ou na China não existe humorista", disparou Tas, incomodando Adnet de forma instantânea, mas sem faze-lo perder a conduta diante dos anfitriões, que seguiram em uma distonia catastrófica até o fim do programa. 

Adnet participou do Roda Viva de forma virtual
Adnet participou do Roda Viva de forma virtual
Adnet participou do Roda Viva de forma virtual

Magalhães estava presa em um programa de auditório do início do milênio, insistindo em pedidos de imitações e forçando Adnet a ser engraçado no meio da discussão. Além disso, a jornalista, talvez por saber que o convidado tem grande base de fãs, ou simplesmente por egocentrismo, dirigia grande parte de suas retóricas com uso de algum termo de auto-exemplificação. O "eu" estava sempre presente, como se fosse importante estar presente no enunciado a todo instante. 

Tas demonstra estagnação intelectual e um tom de deboche constante, como se fosse sua obrigação colocar em cheque o posicionamento político do convidado, mesmo que não tenha absolutamente nenhuma prova do que está falando. Além disso, o antigo apresentador do CQC parece não ter a menor noção do que está acontecendo atualmente na televisão brasileira. 

"A televisão não está muito careta? A televisão não tem hoje um programa de humor ousado, que trate dos assuntos do cotidiano", disse Tas, que ignora a presença cada vez maior dos humorísticos ácidos na TV, como o "Fora de Hora", o "Zorra", e o "Tá no Ar", ambos produzidos pela Globo e alinhados com os acontecimentos diários, sobretudo no que diz respeito ao cenário político no governo Bolsonaro. O último, inclusive, é comandado por Adnet. 

Em resumo, o programa reuniu momentos constrangedores, mas também rendeu boas passagens, graças ao carisma e profissionalismo de Adnet, que soube lidar com a catástrofe generalizada dos anfitriões e se manteve tranquilo durante a entrevista, apesar de alguns desconfortos. Tas ainda utilizou seu colega Marco Luque como referência de humor, criticou a comédia "politicamente correta" e constatou que prefere viver em um passado desprovido de conhecimento social. 

Sobre o autor

Marcos Henderson
Marcos HendersonPublicitário, músico e, aqui, escrevo sobre o que as diferentes culturas têm a nos dizer. Como artista, celebro a força da arte e conto histórias do entretenimento. Twitter: @marhoscenderson
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