José Padilha, diretor de Robocop, planeja documentário sobre manifestos brasileiros
O diretor do remake de Robocop, o brasileiro José Padilha, está com projeto em desenvolvimento para documentar os atuais movimentos sociais e os protestos ocorridos no Brasil. O diretor mesmo com a agenda lotada conta que passou um ano longe parapor conta do filme e perdeu contato direto com a movimentação social pela Brasil, já que vivia em idas e vindas aos EUA após mudar-se para o Canadá.
Por conta deste afastamento, Padilha decidiu documentar as manifestações e entrevistar pessoas ligadas a diversos movimentos. "Começamos a filmar há pouco. Resolvi documentar isso depois do episódio da morte do Santiago, por conta da confusão com o Marcelo Freixo, meu amigo. Vi como esta questão estava sendo tratada de forma muito superficial e questionável do ponto de vista jornalístico", conta Padilha.
O diretor convidou dois amigos para fazer parte deste projeto, que são Walter Carvalho e Felipe Lacerda, para filmar junto. "Eles gostaram da ideia e partimos para as filmagens. Tem sido uma imersão nas questões do Brasil, entrevistando muita gente sobre as manifestações, o que me deu uma ideia boa de como vai tudo.
Padilha disse ainda que “black blocs não existem”. É uma ficção", diz. "Aqui, um pedaço deles são torcidas organizadas. Mas não existe uma ideologia como em outros países. Aliás, black bloc é uma tática, de desviar a atenção da polícia na manifestação. Aqui isso tem outra conotação. Qualquer violência por parte de quem está em uma passeada, ou tapar o rosto, já é chamada de black bloc", diz ele, que não pretende necessariamente transformar o material em filme.
"Por ora, estou documentando. A mídia tradicional não entendeu direito como funciona a mídia interativa. E fica tentando explicar o fenômeno a partir de categorias que não existem mais." afirma.
Em meio ao contexto atual, Padilha analisa a forma como a questão da polícia têm sido tratada no País. "Ainda não temos tecnologia para usar drones. O que temos é gente sendo treinada. Neste contexto, a UPP, por exemplo, está fazendo água. É essencialmente um projeto fadado ao fracasso porque não ataca o problema real. Não contempla a modificação e a reestruturação da polícia.
O Tropa de Elite 1 e o 2 falam de como a estrutura corporativa da polícia tende a produzir policiais corruptos ou extremamente violentos. Isso não foi mexido nem um centímetro. Sem mudança, não haverá avanço."
José Padilha está cumprindo agenda do remake do clássico mundial do cinema “Robocop”, estrelado por Joel Kinnaman, e que terá estreia no Brasil nesta sexta-feira (21).