RoboCop ressurge com orçamento astronômico e direção brasileira
O remake de “RoboCop” finalmente entra em cartaz nos cinemas brasileiros, nesta sexta-feira (21), com a promessa de deixar os espectadores empolgados com as cenas de ação ambientadas em um cenário futurista e cheio de efeitos especiais. O longa chegou às telonas norte-americanas um pouco antes, no dia 14 deste mês, e já possui críticas divididas da imprensa especializada, mas a maioria elogiando o trabalho a direção de José Padilha.
De forma positiva, o “The New York Times” elogiou a direção do brasileiro José Padilha no remake, dizendo que "na maior parte do tempo, ele lida com as cenas de ação de menor escala de 'RoboCop' de forma competente, ainda que não excepcional, e quanto mais perto fica dos atores, melhor."
Já o “Wall Street Journal” publicou uma resenha atribuindo comentários razoáveis sobre o filme, que resume-se a uma "aventura de ação rica em gráficos, pobre em lógica, com problemas de coerência e pouco prazerosa."
O “Los Angeles Times”, em contrapartida, disse que apesar de ter um ótimo elenco, “RoboCop” não tem a sátira, nem a violência e a excitação do original. "Embora o filme não seja um completo desastre, também não é o 'RoboCop' do seu pai", explica a resenha.
O filme teve um orçamento astronômico que ultrapassa R$ 200 milhões, mas a estreia nos Estados Unidos não foi muito boa, tanto que nos três primeiros dias de exibição, a superprodução ficou apenas em terceiro lugar nas bilheterias, atrás de “Uma Aventura Lego” (primeiro lugar) e "About Last Night", comédia romântica lançada estrategicamente para o Dia dos Namorados (segundo lugar).
"Posso dizer que 50% do tempo eu gastei argumentando e 50% fazendo o filme. Mas valeu a pena. A questão política, por exemplo, não abri mão dela, e os testes com o público atestaram que funcionava. A ideia de que a automatização da violência abre uma janela para o fascismo é uma ideia importante. O que aconteceu no Iraque? Os EUA saíram de lá porque soldados americanos estavam morrendo. Se trocarem os soldados humanos por robôs, o que vai acontecer? Eles vão sair do Iraque? Aí se despolitiza a guerra internamente", disse Padilha em entrevista recente, falando também sobre a semelhança com “Tropa de Elite”.
"Se você parar para pensar, o conceito implícito no personagem do Robocop está presente no Tropa 1 e no 2. Há uma ideia filosófica que me interessa, de que a violência extrema acontece quando o agente da violência, o policial, perde a sua capacidade de crítica, de pensar sobre o que ele está fazendo", explica Padilha. "Verhoeven percebeu este conflito. E criou um personagem que já tem esta questão dentro de si. Este conflito entre automatização e o humano ocorre dentro do personagem. Esta sacada é genial", continua.
Ambientado em 2029, o filme enfrenta um período em que os drones já são utilizados para fins militares há um bom tempo ao redor do planeta. A empresa OmniCorp, então, deseja que eles sejam usados também para o combate ao crime nas grandes cidades. Entretanto, esta iniciativa tem recebido forte resistência nos Estados Unidos.
Na intenção de conquistar o povo americano, Raymond Sellars (Michael Keaton) tem a ideia de criar um robô que tenha consciência humana, de forma a aproximá-lo da população. A oportunidade surge quando o policial Alex Murphy (Joel Kinnaman) sofre um atentado, que o coloca entre a vida e a morte. A partir daí surge o Robocop.
O ator que protagoniza o longa, Joel Kinnaman, disse em bate-papo recente com a imprensa, que admira muito o trabalho do diretor brasileiro e entrou no filme justamente por isso. “Só aceitei fazer o filme porque José estaria nele. Além de ser um diretor que adoro, sabia que teria ideia fortes sobre o assunto e traria algo de novo, que não seria um remake sem identidade”, revelou o Kinnaman.