Promotor de Cristiano Araújo diz que músico não sabia das condições do carro
MP denunciou o motorista Ronaldo Miranda por duplo homicídio culposo.
O músico Cristiano Araújo, que faleceu em junho deste ano em um acidente de carro, não sabia da real situação do seu veículo, concluiu o Ministério Público de Goiás. “Eu entendo que o cantor não tinha conhecimento dessas particularidades, do quanto essas rodas estavam precárias”, afirmou o promotor de Justiça Nelson Vilela Costa, de Morrinhos.
O MP denunciou, nesta segunda-feira (21), o motorista Ronaldo Miranda, 41, por duplo homicídio culposo, quando não há intenção de matar. O acidente, no dia 24 de junho, matou o cantor Cristiano Araújo, de 29 anos, e a namorada dele, Allana Moraes, de 19.
Um laudo do Instituto de Criminalística aponta que o acidente aconteceu devido à ruptura de soldas de uma roda, colocada no veículo pelo motorista. Com o rompimento, elas cortaram o pneu, que saiu completamente da estrutura do automóvel. “O Ronaldo era funcionário, tinha subordinação, mas a extensão da precariedade dos reparos, a dimensão da fragilidade das rodas, quem sabia disso era o Ronaldo”, explicou o promotor durante uma coletiva de imprensa.
A perícia constatou que somente em uma roda traseira, que não era original e tinha aro 22, havia dez pontos de soldagem feitos com material de má qualidade. “O serviço de reparo foi muito ruim. Inclusive chegaram a recusar duas vezes o reparo da roda de tão comprometida que ela estava”, disse o promotor.
Além disso, ao instalar a roda no veículo, conforme as investigações, Ronaldo não colocou os bicos de pressão originais, que mediriam a calibragem e, em caso de estarem furados ou esvaziando, emitiriam um aviso no painel no carro.
Costa ressaltou também que Ronaldo não teve a devida atenção e cuidado enquanto dirigia e que o excesso de velocidade foi o mais grave no acidente.
Dados recolhidos da “caixa preta” da Range Rover do cantor mostram que o motorista estava a 179km/h cinco segundos antes do acidente. “A imprudência foi extraordinária. O veículo era muito seguro e o dano foi muito grande. Se for excluir outras hipóteses, aquele veículo em velocidade regular poderia estourar o pneu e nem sairia da pista”, afirmou.
O processo foi encaminhado para a 2ª Vara Criminal de Morrinhos. O advogado do motorista tem o prazo de 10 dias para apresentar a defesa por escrito.
O G1 tenta contato com o advogado de Ronaldo Miranda desde 15h30 desta segunda-feira, mas as ligações não foram atendidas até a publicação dessa reportagem. (Fonte: G1)