Internautas pedem morte de Encarnação em Velho Chico

Velho Chico reúne uma porção elevada de personagens inescrupulosos e sem mais nenhuma pretensão muito grande de se firmar como boa pessoa, a exemplo, principalmente de Afrânio (Antônio Fagundes) e sua mãe, Encarnação (Selma Egrei). Logo no início da trama, entretanto, quando o coronel ainda era interpretado por Rodrigo Santoro, a única personagem que realmente demonstrava desrespeito contínuo e uma amargura acima do comum era a viúva de Jacinto (Tarcísio), já que a vida não tinha sido das mais justas com ela, começando pela perda prematura de um filho, vítima de um acidente marítimo no rio São Francisco, seguindo pelo falecimento do antigo coronel de Grotas, vítima de um infarto fulminante.

Na época, recém-formado no doutorado em Direito, Afrânio morava em Salvador e foi convocado com urgência pela mãe, abandonando Iolanda (Carol Castro / Christiane Torloni) na capital e seguindo rumo para o interior, na esperança de ainda encontrar o pai vivo, já que a notícia não dizia nada sobre a morte, e sim sobre um estado de saúde delicado. O rapaz nunca precisou conviver ao lado da família na fase adulta, fato que o colocou em outro patamar de desenvolvimento pessoal, mas que logo foi modificado, a partir do momento em que decidiu deixar a cidade de uma vez por todas, assumindo os negócios do pai e adotando todas as medidas utilizadas pelo homem responsável por lhe dar a vida.

Não demorou muito para o personagem de Santoro entrar em uma grave crise existencial, passando por diversas dúvidas, sempre resolvidas através de uma conversa franca com Clemente (Julio Machado), seu principal e mais responsável capanga, pai de Cícero (Pablo Morais / Marcos Palmeira). Isso o transformou em uma cópia mais jovem de seu pai, aterrorizando a vida dos antigos rivais da família, a exemplo de Ernesto Rosa (Rodrigo Lombardi) e Belmiro (Chico Diaz), sem contar o garoto Santo (Renato Góes / Domingos Montagner), que se envolveu em um relacionamento amoroso com Tereza (Julia Dalavia / Camila Pitanga).

Hoje, nos dias atuais, já com interpretação de Fagundes, Afrânio até perdeu um pouco de seu lado sombrio e abriu espaço, novamente, para os olhares direcionados à sua mãe, na medida em que os telespectadores passaram a não mais a suportar, exigindo que sua morte chegue mais cedo do que se esperava. E olha que estamos falando de uma personagem que chegou aos 100 anos de idade, ainda com muita energia para criticar a vida alheia e fazer de diversos momentos um incômodo extra aos demais personagens.