Além de menosprezar Brisa, Travessia também errou ao destacar Guerra e Moretti
O excesso de vilões prejudicou o desenvolvimento dos núcleos principais da novela das nove, que não chegou à audiência média de 30 pontos
Sempre foi e sempre será difícil apresentar múltiplos personagens principais em uma única obra, e é claro que uma telenovela não fugiria à regra. No final de Travessia, muitos espectadores ficam com a impressão de que vários erros foram registrados pelo caminho, mas, no fundo, existe apenas um: o excesso de vilões. Com o destaque exagerado de figuras como Guerra (Humberto Martins), Moretti (Rodrigo Lombardi) e Cidália (Cássia Kiss), a protagonista Brisa (Lucy Alves) chegou a aparecer por breves minutos em alguns capítulos, e tudo desandou.
É compreensível e louvável a ideia de Glória Perez em tentar criar um protagonismo para cada personagem da novela, mas, talvez, fosse necessário um formato diferente de saga, afinal ficou inviável manter a estrutura tradicional com as tentativas frustradas de dar algum sentido à briga de dois empresários completamente desequilibrados e às inúmeras consequências do envolvimento com Débora (Grazi Massafera).
Vale ressaltar: a novela já começou com o foco absoluto em Guerra e Moretti, deixando a apresentação da verdadeira protagonista para um corrido miolo, criticado desde os primeiros capítulos. Era simplesmente bizarro buscar alguma imagem de Brisa entre alguns capítulos, e todos já percebiam o que estava por vir.
Ari (Chay Suede) se mostrou um bom vilão, daqueles que nos dão ódio no sofá, no ônibus ou sabe-sa lá onde estivermos, mas chegou um momento em que o público só assistia ao descontrole de antagonistas enquanto Brisa fazia mil testes de DNA, chorava e, no mais obscuro cenário da trama, rangia os dentes de raiva ao flagrar a intimidade entre Oto (Romulo Estrela) e Bia (Clara Buarque). Parecia piada.
Mais cômico ainda era acompanhar caminhadas, falcatruas ou ligeiras espionagens de Cidália, Moretti ou Guida (Alessandra Negrini) ao som de arpejos graves tensos, como se estivéssemos assistindo a "Joias Brutas" ou "Bacurau" quando, na verdade, nada acontecia. Sem dúvidas, Lucy Alves poderia ter sido melhor aproveitada em Travessia, mas o destino deve fazer sua parte para recompensar a multiartista.
Na próxima segunda-feira, 8 de maio, Terra e Paixão será a sua companhia no horário nobre, e é claro que já estamos cobrindo todos os detalhes, dos bastidores aos resumos. Inscreva-se no Diário 24 Horas e fique por dentro!