Agitado e poético, final de Vai na Fé fornece esperança a lutadoras como Sol
O ritmo cíclico das derrotas de Sol foi um artifício certeiro para mostrar que o foco e a fé podem ser determinantes para a vitória
Sol (Sheron Menezzes) já chorou, gritou, pensou em desistir e enfrentou mais derrotas do que o lanterna do pior campeonato esportivo do mundo. Mas ela vence no final de Vai na Fé, e é exatamente pelo ritmo cíclico e a insistência da protagonista em triunfar que a trama escrita por Rosane Svartman se tornou tão especial, em um ano de grandes recomeços para a humanidade.
É claro que a personagem principal de Vai na Fé tem suas vantagens em relação a outros membros da sociedade, afinal ela já tinha uma renda razoável para manter, mesmo que no limite, as contas de casa sem precisar encontrar um lar menor. Mas ninguém pode negar que ela viveu um inferno ainda pior do que as dificuldades financeiras que costumavam deixá-la em estado máximo de desespero no início da trama.
Desde a juventude, quando foi abusada por Theo (Emílio Dantas), Sol guardou uma mágoa profunda no coração e nunca a abandonou. Para piorar, o canalha voltou como uma bomba atômica em sua vida, reivindicou o direito de ser chamado de pai por Jenifer (Bella Campos) e provocou o caos na vida de 100% das pessoas que estavam à sua volta. Felizmente, ele paga o preço no último capítulo, mas ainda consegue matar Orfeu (Jonathan Haagensen).
Entre as conclusões, a autora aproveita para inserir alguns toques poéticos louváveis, com destaque para a cena que intercalou o confronto fatal entre Orfeu e Theo e a performance eufórica de Lui em seu novo formato de show, abraçando o bom e velho Rock para levar os fãs ao delírio. As cenas finais recebem um toque especial de angústia, mas, por fim, todos vão respirar aliviados com a prisão definitiva de Theo. É um recado sobre persistência que todos deveriam absorver.