Análise de 'Project Power': Com boa premissa, filme da Netflix tropeça em clichês
Project Power, da Netflix, recebeu uma grande atenção popular desde o dia em que o trailer oficial foi divulgado, mas apesar da ótima premissa e as expectativas nas alturas graças ao roteiro do co-escritor de "The Batman", Mattson Tomlin, o longa estrelado por Jamie Foxx e Joseph Gordon-Levitt tropeça em inúmeros clichês e resoluções óbvias durante a exibição.
Drogas ilegais que geram superpoderes aleatórios e imprevisíveis, sem dúvida, impulsiona o filme para uma trama interessante e divertida, e isso realmente acontece no início, com um clima envolvente ao espectador, iniciando com a missão de Art (Foxx) para resgatar sua filha ao lado do policial Frank Shaver (Gordon-Levitt). Para que isso seja possível, eles devem se tornar à prova de balas com o uso de "Power", a droga que conseguem graças a Robin (Dominique Fishback).
A trajetória é satisfatória, mas as resoluções, como dito anteriormente, tentam reunir os personagens principais em uma grande missão de resgate que acaba não somando tanto ao gênero, apesar das ótimas performances, incluindo a de Rodrigo Santoro. As lutas são frenéticas, como esperado, os cenários são bem montados e iluminados, mas o sentimento de "falta algo" permanece até o fim do longa.
No início, parece até que o "Project Power" se encaminha para uma resolução de questões contundentes sobre a forma como o governo trata a classe trabalhadora, mas isso é inserido apenas em um nível superficial, o que, automaticamente, gera frustração aos mais assíduos pelas discussões sociais. Não há como negar, entretanto, que a dupla de diretores formada por Henry Joost e Ariel Schulman fornece ao longa um resultado bonito, sobretudo nas cenas de ação, que reforçam a qualidade visual das produções Netflix e já insere o título como uma das prováveis fatias de alto lucro da plataforma nos próximos meses.
Jamie Foxx está fantástico, como sempre, e seu desempenho realmente ajuda a impulsionar o longa. Mesmo quando ele segue caminhos mais sombrios, Art é alguém por quem você pode torcer, e o ator dá a esse ex-soldado muita profundidade emocional.
O papel de Levitt, por outro lado, poderia ter sido interpretado por vários atores, dada a ausência de profundidade no personagem. Rodrigo Santoro e Courtney B. Vance são aqueles típicos casos de "entendi a ideia, mas não engoli". Eles entregam versões genéricas de antagonismo. Por fim, Dominique Fishback brilha a bordo da personagem Robin, garantindo um destaque cada vez maior na carreira.
Project Power é um filme "padrão Netflix" que certamente entrega um bom passa-tempo aos fãs de ação, mas terá que lutar um pouco mais para convencer os entusiastas.