Disney, Netflix e mais cobrirão custos de aborto para suas funcionárias
Gigantes de mídia e entretenimento se posicionaram a favor das mulheres após decisão da Suprema Corte dos EUA por anulação do direito ao aborto legal e seguro.
Disney, Netflix, Paramount, Comcast, Warner Bros. Discovery, Sony, Meta e várias grandes empresas de mídia e entretenimento disseram que cobrirão os custos de viagem de funcionárias que buscarem pela realização de aborto seguro após a decisão de anulação deste direito pela Suprema Corte dos EUA neste final de semana.
Após a decisão, a Disney entrou em contato com os funcionários ainda na sexta-feira para enfatizar que eles reconhecem o “impacto” da decisão da Suprema Corte e “continuam comprometidos em fornecer de forma compreensiva e abrangente o acesso a cuidados de saúde com qualidade e acessíveis” para todos os funcionários da Disney e suas famílias, o que inclui planejamento familiar e cuidados reprodutivos, “não importa onde eles vivam”, disse uma fonte interna à Variety. Para os funcionários da Disney que não tem acesso a atendimento médico, incluindo abortos, em sua localidade, eles têm um benefício de viagem que permite “cobertura acessível para receber níveis semelhantes de atendimento em outro local”. O Walt Disney World, um dos principais parques temáticos da empresa, está localizado em Orlando. O governador da Flórida, Ron DeSantis, já decidiu implementar restrições ao aborto que limitam o acesso ao procedimento.
Já a Netflix disse que oferece aos funcionários e seus dependentes até US$ 10.000 em reembolso de viagem para tratamento de câncer, transplantes, cuidados de afirmação de gênero ou aborto por meio de seu plano, enquanto a Warner Bros. Discovery disse que expandiu seus benefícios de saúde para cobrir funcionários que precisam ir para outros Estados para ter acesso ao aborto e aos cuidados reprodutivos. Em um memorando, a diretora de pessoas e cultura da empresa, Adria Alpert Romm, escreveu: “nossa prioridade número um é o bem-estar, a saúde e a segurança de nossos funcionários”.
Outras empresas oferecem proteções semelhantes. A Comcast, proprietária da NBCUniversal, tem um benefício de viagem que cobre os serviços e procedimentos médicos que não estiverem disponíveis nas proximidades do local de residência de seus funcionários. Assim como a Disney, a empresa também mantém um parque temático na Flórida.
O CEO da Paramount Global, Bob Bakish, e a diretora de recursos humanos Nancy Phillips enviaram um memorando à equipe também na sexta-feira confirmando as intenções da empresa de cobrir os custos de viagem de funcionárias que desejarem realizar o aborto de forma segura, escrevendo: “Cuidados de saúde reprodutiva por meio de seguro de saúde patrocinado pela empresa, incluindo cobertura para controle de natalidade, assistência ao aborto eletivo, assistência ao aborto e certas despesas de viagem relacionadas se o serviço de saúde coberto, como o aborto, for proibido em sua localidade”.
Em um memorando da diretora de pessoas do Google, Fiona Cicconi, a empresa confirmou que os funcionários podem solicitar a mudança “sem justificativa”, permitindo que residentes em estados onde o aborto é proibido se mudem para estados onde o mesmo é legalizado.
Um porta-voz da Meta disse que a gigante da mídia social oferecerá reembolsos de viagens, mas afirmou isso destacando “na medida permitida por lei”, o que é notável porque alguns estados que estão instituindo a proibição do aborto podem tentar encontrar maneiras de restringir legalmente as pessoas de viajar para outros estados para a realização do procedimento. “Estamos no processo de avaliar a melhor forma de fazê-lo, dadas as complexidades legais envolvidas”, disse o porta-voz.
Os funcionários da Sony nos EUA recebem reembolso por viagens se for necessário acessar em outras regiões os serviços disponíveis em seu plano de saúde, o que inclui a saúde reprodutiva, confirmou uma fonte. A Sony Music Group e a Live Nation são conhecidas por terem apólices de seguro que fornecem reembolso para viagens se for necessário acessar serviços de saúde, incluindo serviços de saúde reprodutiva. A Live Nation postou a seguinte mensagem prometendo cobrir despesas de viagem para funcionários que precisam de acesso a serviços de saúde para mulheres fora de seu estado de origem:
O Sundance Film Festival e o Sundance Institute, que tem funcionários em todo o país e um escritório para o festival anual em Utah, anunciaram há várias semanas que aumentaram seus benefícios de saúde para incluir a cobertura de despesas de viagem. Utah é um dos estados que devem implementar proibições ao aborto após a decisão do tribunal.
Várias editoras também opinaram sobre a importante decisão. O CEO do BuzzFeed, Jonah Peretti, disse aos funcionários que a empresa fornecerá uma bolsa para qualquer pessoa que resida nos 13 estados com leis que acionem o fim do aborto para cobrir os custos de viagem e despesas para outros estados onde possam realizar o procedimento. “O processo em torno disso será completamente confidencial”, escreveu Peretti.
O CEO da Condé Nast, Roger Lynch, disse em nota à sua equipe na sexta-feira que a empresa “fez melhorias em nossos benefícios de saúde nos EUA para ajudar os funcionários cobertos e seus dependentes cobertos a obter acesso a cuidados reprodutivos, independentemente de onde residam. Os funcionários que precisam de serviços de aborto, infertilidade ou afirmação de gênero que não podem obter esses cuidados localmente agora são elegíveis para reembolso em viagens e hospedagem”.
Há também agências de talentos de Hollywood que ofereceram suporte para sua equipe, com a UTA prometendo no mês passado reembolsar seus funcionários para despesas de viagem relacionadas a serviços de saúde reprodutiva que não são acessíveis em seus estados de residência. Na sexta-feira, o CEO da APA, Jim Gosnell, enviou uma nota aos funcionários dizendo que a empresa “incluiria cobertura para funcionários e seus familiares cobertos que possam precisar viajar para acessar uma série de procedimentos médicos, incluindo planejamento familiar e saúde reprodutiva”.
Algumas empresas de Hollywood não responderam a um pedido de comentário sobre a decisão, enquanto outras, como Amazon e Lionsgate, disseram não ter uma declaração no momento.
O parecer final da Suprema Corte, escrito pelo juiz Samuel Alito, repudia totalmente a decisão de 1973 que garantia proteções constitucionais federais do direito ao aborto. Também derruba efetivamente a decisão de 1992 em Planned Parenthood v. Casey, que manteve em grande parte o direito estabelecido em Roe.