Nelson Teich pede demissão do Ministério da Saúde após desentendimentos com Bolsonaro

Ministro deixou o comando do ministério pouco antes de completar um mês no cargo.
Ministro deixou o comando do ministério pouco antes de completar um mês no cargo.
Marcos Henderson
Por Marcos Henderson

Prestes a completar um mês como ministro da Saúde, Nelson Teich deixou o cargo novamente em aberto nesta sexta-feira (15) após desentendimentos gradativos com as difusões controversas de opiniões e determinações do presidente Jair Bolsonaro, que agora precisa resolver uma nova crise interna.

O descontentamento de Teich ficou mais evidente por causa da insistência do presidente em exaltar o uso da cloroquina como melhor forma de tratamento à Covid-19, caminhando na contramão das determinações de infectologistas e pesquisadores ao redor do mundo. 

Além disso, Bolsonaro também pegou o ministro de surpresa ao decretar a ampliação de atividades essenciais durante a pandemia, incluindo academias e salões de beleza, além de se manter firme na defesa do isolamento vertical e o retorno imediato das atividades comerciais. A demissão de Teich foi anunciada logo após uma reunião no Palácio do Planalto na manhã desta sexta-feira (15).

Das redes sociais ao Planalto, as reações à notícia são caóticas. O deputado federal pelo Psol, David Miranda, disse que "Nem mesmo um ministro mais submisso suportou a política genocida de Bolsonaro. O impeachment desse assassino é medida sanitária pra salvar o Brasil". Gabriela Prioli se diz impressionada com a tranquilidade das pessoas diante da situação desesperada do país. "A gente tá enfrentando numa boa uma pandemia, né?", disparou a advogada e integrante do programa "O Grande Debate", da CNN. 

Na última quinta-feira (14), Bolsonaro defendeu, em frente ao Palácio da Alvorada, o uso da cloroquina e chegou a afirmar que a relação com o ministro da Saúde estava "tranquila", discurso quebrado nesta sexta. Teich havia afirmado, em sua primeira fala como ministro, que a política adotada na pandemia não sofreria mudanças radicais, e que tomaria decisões com base em critérios técnicos.

Aparentemente, ele não contava com a constante insistência de Bolsonaro em contrariar as determinações levantadas pelos especialistas. Pelo visto, a opção de Teich pela demissão foi tomada para evitar que sua imagem ficasse absolutamente comprometida sob o cargo, anteriormente assumido por Luiz Henrique Mandetta, demitido pelo presidente. 

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Marcos Henderson
Marcos HendersonPublicitário, músico e, aqui, escrevo sobre o que as diferentes culturas têm a nos dizer. Como artista, celebro a força da arte e conto histórias do entretenimento. Twitter: @marhoscenderson
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