"Morra quem morrer", diz prefeito de Itabuna ao anunciar reabertura do comércio
"Morra quem morrer". Assim o prefeito de Itabuna, Fernando Gomes (PTC), se expressou após anunciar a reabertura oficial do comércio na região para o dia 9 de julho. A declaração aconteceu em transmissão ao vivo pela internet na última quarta-feira (1º) e confirma a corrida do município baiano para recuperar a economia, sem colocar na balança os perigos da Covid-19 à população.
“Primeiro, lutar pela vida, a vida é uma só. Morreu, acabou. Não tem fortuna, não tem pobreza, não tem falência, não tem nada. Mas não posso abrir uma coisa que não tenho cobertura. Com a dúvida, com os nossos morrendo por causa de um leito em Itabuna, vou transferir essa abertura. No dia 8, mandei fazer o decreto, que no dia 9 abre, morra quem morrer”, disse o prefeito, que nesta quinta-feira (2) afirmou, através de nota da prefeitura, que foi mal interpretado pelas pessoas que deram início a uma chuva de críticas nas redes sociais.
Prefeito de #Itabuna, na Bahia, disse nas suas redes sociais, que autoriza a abertura dos estabelecimentos comerciais a partir da quinta-feira (9) que vem, "morra quem morrer". pic.twitter.com/owzaV6jXwC
— Marcelo Fin (@FinMarcelo) July 2, 2020
A flexibilização das atividades comerciais já estava prevista para iniciar a partir do dia 1º de julho em Itabuna, mas devido à superlotação dos leitos de UTI para pacientes com Covid-19, foi preciso optar pelo adiamento. Os números de casos não param de crescer, e ainda apresentam ao Brasil um risco evidente e alarmante, reforçado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em diversas ocasiões. A economia, de fato, está enfrentando um caos generalizado, mas não há explicações para decisões ilógicas extremas e, de brinde, comentários displicentes que basicamente minimizam as milhões de tragédias já registradas durante a pandemia.
Durante cerimônia em comemoração à Independência da Bahia, o governador Rui Costa afirmou que pediu diretamente ao prefeito de Itabuna para que o comércio não fosse reaberto na região, mas que Gomes estaria se sentindo pressionado por esferas econômicas e não estaria sabendo lidar com a situação da forma mais equilibrada possível. "[...] tem uma voz nacional que diz para abrir, que ganha apoio de comerciantes, com medo de quebrar. Sob pressão, as pessoas saem do ponto, perdem o equilíbrio", disse Costa.