Brasil 'repete' caso George Floyd com PM pisando no pescoço de mulher negra em SP
Nem os intensos protestos contra o racismo desencadeados após a morte de George Floyd em Minneapolis, nos Estados Unidos, foram capazes de conter a truculência policial ao redor do mundo. No Brasil, mais um triste caso chegou aos noticiários, com a reportagem do Fantástico que exibiu um PM utilizando o pé para imobilizar uma mulher negra no chão, pelo pescoço, em São Paulo.
De acordo com a reportagem, a mulher de 51 anos é dona de um pequeno bar e teria sido abordada no estabelecimento pelos policiais, que justificaram a agressão argumentando que ela teria tentado atingi-los com uma barra de ferro. Ela negou. Veja o flagrante:
Policial pisa no pescoço de mulher negra e a arrasta em SP. “Quanto mais eu me debatia, mais ele apertava a botina no meu pescoço”, diz a vítima. Ação truculenta é cotidiano nas periferias brasileiras. Todo dia temos um George Floyd. Até quando? #VidasNegrasImportam pic.twitter.com/NXuep9TT1p
— Erika Kokay (@erikakokay) July 13, 2020
Nas redes sociais, milhares de internautas manifestam indignação com mais um episódio de violência policial inexplicável, enquanto outros milhares aproveitam para ironizar a situação e atribuir à reportagem do Fantástico uma conduta sensacionalista, simplesmente porque mostrou o que, de fato, aconteceu.
O mais curioso é verificar que muitas pessoas, sobretudo na sessão de comentários da versão online da manchete original, parecem ignorar a existência do racismo e preferem clamar pela ausência do termo "negro" para descrever a situação. "Fui ver a reportagem, quando falou MULHER NEGRA, já parei por alí. E daí se é negro ou branco amarelo azul. A própria mídia impõe o racismo, principalmente a Globo", disse um internauta, seguido por vários outros com a mesma linha de raciocínio. "O racismo explícito da imprensa marrom dá nojo. A mulher seja afrodescendente, caucasiano, portugadescendente, japonesa..., faz alguma diferença?", disparou outro usuário.
Trata-se de uma situação que, por mais injusta que seja, gera negações daqueles que preferem fornecer ao mundo um total de zero contribuições intelectuais para melhora-lo. Pelo contrário, milhões de pessoas fazem questão de fingir cegueira em relação ao racismo truculento enraizado na sociedade e atribuem aos diálogos anti-racistas uma distorção de proporções incalculáveis, mantendo as esperanças gerais cada vez mais escondidas, e o medo nas alturas.