Gilmar Mendes tenta evitar represália das Forças Armadas após citar genocídio
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, está fazendo o possível para evitar represálias das Forças Armadas após fazer declarações contrárias à presença de militares em posições de comando na área da Saúde. Após afirmar que o Exército se associou com o "genocídio", Mendes emitiu uma nota de esclarecimento para tentar manter um diálogo mais ameno.
"Reforço, mais uma vez, que não atingi a honra do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica. Aliás, as duas últimas nem sequer foram por mim mencionadas. Apenas refutei e novamente refuto a decisão de se recrutarem militares para a formulação e execução de uma política de saúde que não tem se mostrado eficaz para evitar a morte de milhares de brasileiros", explicou Gilmar Mendes, que também mencionou as 72 mil mortes por Covid-19 no Brasil como exemplo de displicência na análise de políticas públicas de saúde em meio à dissipação de farpas entre o presidente Jair Bolsonaro e o Ministério da Saúde, comandado interinamente pelo general Eduardo Pazuello.
"Nenhum analista atento da situação atual do Brasil teria como deixar de se preocupar com o rumo das nossas políticas públicas de saúde. Estamos vivendo uma crise aguda no número de mortes pela Covid-19, que já somam mais de 72 mil. Em um contexto como esse, a substituição de técnicos por militares nos postos-chave do Ministério da Saúde deixa de ser um apelo à excepcionalidade e extrapola a missão institucional das Forças Armadas", continuou Mendes na nota de esclarecimento.
A crise gerada pelas declarações iniciais do ministro do STF sobre as Forças Militares atinge proporções cada vez maiores, com retornos negativos do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e o vice-presidente Hamilton Mourão.
Azevedo informou que iria acionar a Procuradoria-Geral da República contra o magistrado, pois entendeu que as acusações feitas por Mendes foram ilegais. Nos bastidores, o presidente do STF, Dias Toffoli, estaria trabalhando de forma frenética para conter as represálias iminentes, ressaltando que a visão do ministro não generaliza a Corte.