Angelica Ross e Indya Moore de "Pose" criticam "Emmy" por esnobarem os atores trans negros em suas indicações
Na noite desta última terça-feira (28) foi divulgada na web a lista completa de indicações da edição 2020 do "Emmy Awards" e entre favoritos e esnobados, Angelica Ross e Indya Moore, de "Pose", acusaram a premiação de mais uma vez negligenciarem atores trans negros em suas indicações.
Apesar de receber muitos elogios de telespectadores e críticos, as estrelas trans de "Pose" foram excluídas de quase todas as principais categorias de atuação, direção e escrita - um duro golpe para um show que aborda justamente a marginalização da comunidade trans.
Há apenas uma nomeação para o ator cis gay Billy Porter por seu papel como Pray Tell, um ano depois ter se tornado o primeiro negro gay a vencer em sua categoria na história do "Emmy". E apesar da indicação de Porter, os atores trans de "Pose" ficaram de fora, um desprezo que não passou despercebido por Indya Moore, que foi ao Twitter compartilhar seus pensamentos.
"Algo sobre pessoas trans não serem homenageadas em um programa sobre pessoas trans que criaram uma cultura para nos honrar porque o mundo não o faz", escreveu.
Something abt trans ppl not being honored on a show abt trans ppl who created a culture to honor ourselves bc the world doesn't.
— 🌄 (@IndyaMoore) July 28, 2020
Indya também criticou a "promoção bunda mole" do programa, alegando: "A maioria de nós nunca esteve em nenhum programa de entrevistas, exceto MJ, aqui e ali. E eles ainda ignoraram o trabalho dela. Eles não confiam em nós na TV ao vivo. Especialmente eu, lol".
Moore teve suas mensagens compartilhadas por Angelica Ross, que interpreta Candy no programa. Ela continuou a conversa em um vídeo no Instagram Live. Falando em lágrimas, ela explicou que não está chateada por perder um "Emmy", mas que está "tão cansada" de ver as estrelas trans esquecidas pela sociedade.
"Quero que saiba desde o começo que essas lágrimas não são sobre um prêmio ou uma indicação", disse ela. "Finalmente, preciso que vocês entendam que estou tão cansada - aqueles que me conhecem sabem que não estou apenas trabalhando na tela ou atrás da tela, mas estou trabalhando dia e noite para fazer com que a nossa sociedade valorize as vidas trans e as vidas negras trans".
"Sinto o que sinto, porque sinto que não há nada que possamos fazer", lamentou.
Logo após a divulgação da lista do "Emmy" e das constatações de que Ross, Moore e suas co-estrelas MJ Rodriguez e Dominique Jackson não estavam nela, rapidamente o "Emmy" viu seu nome atrelado a indignação nas mídias sociais. O co-criador de "Pose", Steven Canals, concordou fervorosamente que MJ Rodriguez deveria ter sido indicada como "Melhor Atriz".
Okay, real talk... what does @MjRodriguez7 have to do - aside from baring her heart & pouring her soul into every damn scene - to get a Best Actress nomination?! #PoseFX #Emmys pic.twitter.com/eJwSudMtkh
— Steven Canals (@StevenCanals) July 28, 2020
"Okay, papo sério... o que "MjRodriguez7 tem que fazer - além de entregar seu coração & derramar sua alma em cada droga de cena - para receber uma indicação como "Melhor Atriz"?!", disse ele.
Laverne Cox, que foi indicada por seu papel como Sophia em "Orange is the New Black", também reconheceu o desprezo contra "Pose" e seu elenco. "Você deveria ter sido indicada conosco", disse ela a Angelica Ross.
You should have been nominated with us. Love u @angelicaross https://t.co/zr1hYRx2ek
— Laverne Cox (@Lavernecox) July 28, 2020
A escritora e ativista trans Raquel Willis acusou os "Emmy" de se concentrarem apenas em homens gays cis em sua representação LGBT +. "Você está me dizendo que um ator cis é o único que vale a pena nomear ou destacar em um programa que centra a experiência transexual negra? Vocês estão brincando na nossa cara mais uma vez", disse.
"A disparidade de apoio a homens gays cis e mulheres trans não pode ser ignorada, especialmente neste momento".
E continuou: "Isso vai além das premiações. Está em toda a mídia, em nossos locais de trabalho, em nossas comunidades e muito mais. Nós não falamos sobre isso o suficiente, porque as experiências que costumam colapsar".
"Respeitar e honrar as experiências dos homens cis não é o mesmo que respeitar e honrar as experiências de mulheres trans (ou pessoas trans, em geral), apesar do que muitas pessoas cis pensam", finalizou.