OMS alerta o Brasil e diz que não há "cura mágica" contra a Covid-19
O Brasil continua em segundo lugar no ranking de casos da Covid-19, e na última semana registrou uma média de 1.011 mortes por dia, além de apresentar acréscimo de óbitos em oito estados e no Distrito Federal. A situação é claramente emergencial, e por essa razão a Organização Mundial da Saúde (OMS) voltou a alertar o Brasil nesta segunda-feira (3).
Após dizer que "não existe bala de prata no momento e talvez nunca exista", o diretor-geral da instituição, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou durante entrevista coletiva em Genebra que o Brasil ainda pode reverter a situação se fizer a coisa certa. "Eu gostaria de citar Martin Luther King: 'o momento sempre é certo para fazer o que é certo'. Acho que o que podemos aprender com isso é: não devemos desistir. Qualquer coisa pode ser revertida. Nunca é tarde demais. No Brasil ou em outros lugares, a situação pode ser revertida", garantiu o pesquisador, pouco depois que o diretor de emergências, Michael Ryan, revelou a gravidade da situação.
"A situação no Brasil continua a ser muito preocupante, com muitos estados relatando alto número de casos. A contagem média diária é de 60 mil [novos] casos e mais de mil mortes por dia", disparou Ryan, que apela para que as esferas governamentais brasileiras se unam em prol da população. O que se vê, entretanto, é uma guerra política espirrando estilhaços para todos os lados.
"Em todos os países, o governo precisa fazer sua parte, para detectar e isolar casos, rastrear contatos, quando possível, e criar condições nas quais a doença não pode se espalhar facilmente", destacou o diretor de emergências, que logo em seguida foi mais contido: "Isso é muito fácil de dizer, mas muito difícil de alcançar."
Paralelamente a isso, o que se vê no Brasil é um clima de "página virada", sobretudo com as idas e vindas do presidente Jair Bolsonaro, que ao invés de incentivar o distanciamento social e outras inúmeras medidas extremamente simples contra a propagação acentuada do vírus, promove festas generalizadas de seus fiéis apoiadores em todas as regiões onde desembarca, a exemplo de sua visita em Bagé na última semana, com direito a multidão aguardando próximo ao aeroporto, policiamento reforçado e até um Ford Landau 1972 que pertenceu ao ex-presidente da Ditadura Militar, Emílio Garrastazu Médici.