Gravidez Aos Dez Mata: hospital e grupo de populares tentam impedir aborto de menina grávida após estupro
O caso do Espírito Santo de uma criança de 10 anos que engravidou vítima de estupro cometido por seu tio ganhou mais uma triste notícia. O Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam) do ES negou que a criança realizasse o aborto com acompanhamento médico. Com a negativa, a família da vítima viajou para o Recife e foi impedida por populares de realizar o procedimento.
A criança era vítima de estupros havia quatro anos, e a polícia tomou conhecimento do caso no sábado (8) quando ela deu entrada no hospital na cidade de São Mateus-ES, onde os médicos notaram o tamanho de sua barriga e realizaram o teste de gravidez, que deu positivo. Inicialmente, a justiça do Espírito Santo havia autorizado o aborto, mas o hospital responsável não realizou o procedimento devido o avanço da gestação. A menina estaria com 22 semanas de gravidez, mais de cinco meses, e não três como havia sido informado pelas autoridades.
Segundo a lei brasileira, é permitido que ocorra o procedimento de aborto por meio do serviço público de saúde em caso de gravidez resultante de um estupro e também em situações de risco para a mãe ou de anencefalia do feto. A justiça do ES levou em consideração a legislação para autorizar o procedimento. Entretanto, o avanço da gravidez é considerado um impeditivo.
A menina viajou para o Recife com um parente e uma assistente social da Secretaria da Saúde do Espírito Santo, para realizar o exame em sigilo. Mas, após repercussão midiática de um vídeo publicado no YouTube, em que a ativista política de extrema direita Sara Winter se posiciona contra a realização do aborto e divulgou o que seria o primeiro nome da criança e forneceu o endereço do hospital onde ela estava internada, populares foram ao local impedir que a equipe médica realizasse a operação.
O caso repercutiu nas redes sociais com vídeos que mostram o grupo que chegou a hostilizar o médico responsável pelo procedimento e a vítima nos arredores do hospital. Infelizmente, política e fanatismo religioso se confundem em meio a um triste caso de estupro, onde o amparo da lei para garantir o procedimento clínico correto é negado à criança.
Estupro, gravidez e os ignorantes mobilizadosUma garota de 10 anos no Espírito Santo engravida do tio que abusava dela desde os 6 anos de idade.Um grupo de católicos fundamentalistas se mobiliza contra o aborto, liderados pela neofascista Sara Winter. O inferno é aqui. pic.twitter.com/KUcThe2pNQ
— Ricardo Alvarez (@psol_ricardo) August 16, 2020
Fanáticos se fazem de histéricos na porta do hospital onde a menininha foi atendida. Rezam e gritam horrores ao médico que fez seu único dever: cuidar. #gravidezaosdezmata
— Debora Diniz (@Debora_D_Diniz) August 16, 2020