Ministra Damares e aliados tentaram impedir aborto de menina de 10 anos
A menina de 10 anos que engravidou após ser estuprada pelo tio poderia não ter garantido o aborto, devido a uma série de fatores que reúne mobilização popular em frente ao hospital, represálias de parte da equipe médica e ações nos bastidores da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, que teria unido forças aos seus aliados políticos e representantes do ministério para impedir que a criança realizasse a interrupção da gravidez.
De acordo com informações obtidas pelo jornal Folha de S. Paulo, Damares pretendia transferir a menina de São Mateus, no Espírito Santo, para Jacareí, em São Paulo. Após a transferência para um novo hospital, seriam realizados os procedimentos formais para que ela enfrentasse uma cesariana, pois o bebê teria chances de sobreviver em uma incubadora. Para a ministra, esta seria a melhor opção para a menina, estuprada pelo tio desde os seis anos de idade.
Damares ignorou, a todo custa, os riscos que a gravidez representava à vítima, afirmando que ela deveria aceitar o filho, utilizando argumentos distorcidos resgatados das páginas da Bíblia e demonstrando uma total falta de preparo para lidar com o que realmente deveria como comandante do ministério que, em tese, defende a mulher e os direitos humanos. Ela até chegou a dizer, em entrevista a Pedro Bial, que a menina deveria ter feito a cesárea, e não o aborto, com a mais desinibida "voz da razão".
Ainda segundo a reportagem da Folha de S. Paulo, Damares enviou os aliados políticos para tentar garantir a transferência da criança, com várias reuniões marcadas com o intuito de pressionar os responsáveis pelo procedimento de aborto legal, incluindo possíveis inclusões de benefícios posteriores ao conselho tutelar local.