Mandetta expõe conspirações do governo Bolsonaro em livro
O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, lança o livro "Um paciente chamado Brasil: Os bastidores da luta contra o coronavírus" nesta sexta-feira (25) e promete, com a obra, exibir os bastidores da pandemia de Covid-19 no país, expondo as conspirações e negacionismos do presidente Jair Bolsonaro e seus aliados no governo, sobretudo militares.
Demitido em 16 de abril, Mandetta utilizou o espaço literário para dialogar sobre as atitudes de Bolsonaro diante da trágica situação, incluindo relatos de teorias conspiratórias nutridas como justificativas banais e ilógicas às próprias afirmações, como a insistência em apoiar o uso da Hidroxicloroquina para o tratamento do coronavírus, ou repetir as frases do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o "vírus chinês" e a "gripezinha", além de citar temas acima do absurdo como o "combate à cristofobia", que encerrou seu discurso na Assembleia Geral da Onu nesta semana.
De acordo com o ex-ministro da Saúde, uma das maiores dificuldades era convencer o presidente a se interessar pelas projeções da disseminação da doença que continua em nível preocupante ao redor do mundo. No livro, Mandetta afirma que Bolsonaro não teve empatia pelas famílias enlutadas e não se importava com as medidas de proteção à população.
A conta é simples: Bolsonaro escolheu defender a Hidroxicloroquina como um item de salvação e, a bordo desta teoria, seguiu adiante afirmando que "o governo tem o remédio e quem tomar o remédio vai ficar bem", escreve Mandetta, que não se resume apenas ao campo da Saúde, já que também cita problemas nos bastidores da Economia.
O livro resgata os primeiros meses de pandemia como um período em que o ministro Paulo Guedes não teria demonstrado interesse ou compreensão total do que estava acontecendo, e ainda tinha dificuldades para cuidar da própria pasta.
Durante reunião ministerial, Mandetta e Guedes teriam entrado em um confronto direto após discussão sobre o reajuste de medicamentos e tiveram que ser interrompidos pelo vice-presidente Hamilton Mourão, com um tapa na mesa, enquanto Bolsonaro apenas assistia, sem dizer absolutamente nada, o que, segundo o ex-ministro da Saúde, acontecia frequentemente.
"Um paciente chamado Brasil" já está disponível em diversas livrarias, com preço médio de R$ 49,90.