Guilherme Boulos esclarece função social do MTST e enfrenta represálias

Concorrendo à prefeitura de SP, o candidato do PSOL tenta afastar polêmicas e esclarecer dúvidas dos eleitores
Concorrendo à prefeitura de SP, o candidato do PSOL tenta afastar polêmicas e esclarecer dúvidas dos eleitores
Marcos Henderson
Por Marcos Henderson

O candidato do PSOL à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, é amplamente conhecido por sua atuação de duas décadas no Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), mas para a gigantesca fatia da população negacionista que comprou os discursos conservadores do presidente Jair Bolsonaro, o movimento que luta para garantir moradia a milhares de pessoas é, para esse público, uma verdadeira união de criminosos que invadem imóveis e terrenos habitados por outras pessoas. Isso não é exagero.

No início de um vídeo publicado nas redes sociais, Boulos apresenta o comentário de uma internauta que expõe exatamente o tipo de mentalidade mencionada anteriormente. "Deus nos livre do Boulos. Esse acaba de vez com São Paulo. Esse senhor manda invadir casa no Morumbi e os prédios de São Paulo", diz a usuária do Twitter citada pelo candidato à prefeitura, que responde em seguida. 

"Muitos de vocês sabem que eu, com muito orgulho, atuo há 20 anos no movimento de luta por moradia, o Movimento dos Sem Teto. Mas o MTST, ao contrário do que diz a fake news, nunca invadiu a casa de ninguém", adianta Boulos, que logo depois apresenta os argumentos espalhados por bolsonaristas, que apontam os participantes do MTST como "terroristas, vagabundos". 

"Mas os Sem Teto podem estar muito mais perto de você do que você imagina. Pode ser a diarista que trabalha na sua casa, pode ser o porteiro do seu prédio, pode ser o motorista do Uber que você pega, são pessoas comuns, que trabalham, dão duro pra sobreviver, mas mesmo assim, não conseguem ter uma casa própria. Gente que, todo fim do mês, tem que escolher entre pagar o aluguel e pagar as contas e botar comida na mesa", continua. 

Em seguida, Boulos expõe a diferença de oportunidades para esses trabalhadores ao mencionar empréstimos no banco, e afirma que muitos acabam morando de favor ou até na rua. Para desmistificar as histórias de "invasão", o candidato do PSOL deixa claro que a estratégia do MTST é encontrar imóveis ou terrenos que estejam abandonados há pelo menos 10 anos para, então, elaborar um plano de ocupação. 

"O que o movimento faz é identificar grandes imóveis, prédios inteiros, terrenos que estão em situação de abandono, há 10, 20, 30 anos. Esses imóveis às vezes devem mais imposto, mais IPTU que o valor dele próprio. O que o MTST faz é identificar esses imóveis e ocupar junto com as pessoas para pressionar o poder público a cumprir o seu papel, porque esses imóveis estão em situação ilegal. Tanto a Constituição como o Estatuto da Cidade dizem de forma clara: uma propriedade tem que cumprir uma função social, se ela está em situação de abandono, largada, ela pode ser desapropriada pra moradia popular, pelo próprio governo", explica Boulos. 

Assista ao vídeo explicativo de Guilherme Boulos na íntegra:

O que acontece, entretanto, não chega nem perto do que deveria. São dezenas de milhares de imóveis abandonados somente em São Paulo, e segundo o candidato à prefeitura, isso acontece porque diversos políticos estão ligados a escândalos de empreiteiras especulação imobiliária.

Apesar da explicação, que consegue abordar toda a função social do MTST e ainda esclarecer as polêmicas de invasão de domicílio, a sessão de comentários da publicação de Boulos está minada de represálias de bolsonaristas, que atacam o movimento e tentam reverter as acusações de "fake news", chamando o candidato de mentiroso e apresentando argumentos que defendem os donos dos imóveis abandonados. É, simplesmente, inacreditável.

Sobre o autor

Marcos Henderson
Marcos HendersonPublicitário, músico e, aqui, escrevo sobre o que as diferentes culturas têm a nos dizer. Como artista, celebro a força da arte e conto histórias do entretenimento. Twitter: @marhoscenderson
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