Mourão diz que Ustra era 'homem de honra que respeitava os direitos humanos'
O vice-presidente Hamilton Mourão voltou a exaltar o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, em uma entrevista ao jornal alemão Deutsche Welle. "Equivocado" é até pouco para descrever a afirmação mais recente de Mourão, que aponta o torturador condenado como um "homem de honra".
"O que posso dizer sobre o homem Carlos Alberto Brilhante Ustra, ele foi meu comandante no final dos anos 70 do século passado, e era um homem de honra e um homem que respeitava os direitos humanos de seus subordinados. Então, muitas das coisas que as pessoas falam dele, eu posso te contar, porque eu tinha uma amizade muito próxima com esse homem, isso não é verdade", disse o vice-presidente, apontando suas experiências pessoais com Ustra como argumentos decisivos para julga-lo inocente de qualquer acusação.
Ustra foi considerado responsável por dezenas de perseguições, torturas e mortes de opositores do golpe militar de 1964. Para Mourão, muitas pessoas que lutaram contra guerrilhas urbanas durante o regime militar foram "injustamente acusadas de serem torturadoras". O vice-presidente ainda diz que os militares "fizeram coisas muito boas pelo Brasil", mas não conseguiu citar nenhum exemplo.
Outros trechos, como um momento em que fala sobre o plano do Brasil em se tornar "a democracia mais brilhante do hemisfério Sul" ou quando tranquilizou a todos, dizendo que as "coisas aqui no Brasil estão tranquilas e indo bem", transformam a entrevista em uma espécie de conto de fadas favorável à ditadura militar, ao torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra e ao governo Bolsonaro.