Cientistas recomendam cautela para avaliar nova mutação do coronavírus

Nova variação N501Y foi descoberta no Reino Unido e ainda está sendo analisada por especialistas
Nova variação N501Y foi descoberta no Reino Unido e ainda está sendo analisada por especialistas
Marcos Henderson
Por Marcos Henderson

Especialistas europeus recomendaram cautela para lidar com a nova mutação da Covid-19 descoberta no Reino Unido. Cientistas afirmam que ainda não se tem muitas informações claras sobre a variante N501Y.

Christian Drosten, um importante virologista alemão, disse que a variação do coronavírus pode estar em circulação na Alemanha. Os dados científicos sobre o N501Y ainda não são claros, segundo a fala de Drosten à emissora Deutschlandfunk nesta segunda-feira (21).

Afirmações de que a mutação era 70% mais transmissível parecem ser uma estimativa sem fundamentos por enquanto, e precisariam ser verificadas por cientistas britânicos ao longo desta semana.

“A questão é: este vírus está sendo impulsionado por uma nova onda que se aproxima na região em questão [sudeste da Inglaterra], ou este vírus é o responsável pela criação dessa onda em primeiro lugar? Essa é uma diferença importante”, indagou Drosten, que também apontou a detecção da variante em outros países, como a Holanda, onde não há indícios de que tenha se espalhado mais rapidamente. 

Na França, Vincent Enouf, do Institut Pasteur, disse que não havia ligação comprovada entre a nova mutação e a disseminação mais rápida do vírus na Grã-Bretanha. “Dizem que está se espalhando mais rápido em partes do Reino Unido”, disse Enouf à emissora France 2. “Tudo isso ainda precisa ser verificado”, completou. 

O governo holandês confirmou no domingo que um caso com a nova mutação havia sido diagnosticado no país no início de dezembro, o que sugere que já pode estar no país há algum tempo. Mas até agora não parece estar se espalhando tão rápido na Holanda quanto no Reino Unido, disse Ab Osterhaus, professor emérito de virologia da Universidade Erasmus em Rotterdam, ao jornal Algemeen Dagblad. “Em áreas onde o número de infecções aumenta particularmente rápido, ele tende a se vincular à mutação”, disse Ostarhaus. “Mas ainda não sei se isso se justifica.”

Outro especialista em doenças infecciosas, Bart Haagmans, do Erasmus Medical Center, disse: “É difícil fazer uma conexão clara entre transmissões e mutações. A rápida propagação é realmente devido a uma mutação ou outros fatores desempenham um papel?”

Marion Koopmans, chefe do departamento de virologia de Erasmus, disse que há indícios de que a nova variante pode ser mais contagiosa, mas é necessária mais pesquisa. Além disso, ela disse que “a Holanda já está bloqueada. Isso ajudaria a prevenir a rápida disseminação aqui.”

Na Itália, que também diagnosticou a mutação N501Y em uma mulher recém-chegada de Londres e que tem o maior número de mortes causadas pelo coronavírus na Europa continental, os ministros e a mídia foram menos tranquilizadores. “Se o vírus chegou despercebido de Wuhan, como não nos preocupar com uma nova mutação que muito provavelmente já está em Roma, Veneza e Torino?”, questionou o ministro da Saúde italiano, Roberto Speranza.

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Marcos Henderson
Marcos HendersonPublicitário, músico e, aqui, escrevo sobre o que as diferentes culturas têm a nos dizer. Como artista, celebro a força da arte e conto histórias do entretenimento. Twitter: @marhoscenderson
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