Portal da Transparência fica fora do ar após polêmica com leite condensado
O Portal da Transparência, site que exibe detalhadamente os gastos do Governo Federal, ficou fora do ar durante toda a madrugada desta quarta-feira (27), após a polêmica envolvendo o aumento de 20% nos gastos com produtos alimentícios, incluindo quantias inexplicavelmente exorbitantes, como R$ 15 milhões em leite condensado, e mais de R$ 2 milhões em chiclete. Ao todo, foram R$ 1,8 bilhão gastos com alimentos para o Poder Executivo Federal na administração de Jair Bolsonaro (sem partido) em 2020.
Não se sabe se a queda do site foi motivada pelo considerável acréscimo no número de visitas ao site, que poderia ter desencadeado uma queda no servidor, ou se houve alguma intervenção manual, afinal, até o momento, o Governo Federal não comentou o problema. Ao visitar o site, era exibida uma página de erro “503 – service unavailable” ao usuário, sem chances de acesso, mesmo com inúmeras atualizações na página.
Superfaturamento
O próprio Portal da Transparência exibe a licitação 77/2020, destinada ao 3º Esquadrão da Cavalaria do Exército, em setembro de 2020, com a compra de duas caixas de 395g de leite condensado desnatado, totalizando R$ 162, valor bem acima dos R$ 10 que as duas unidades custariam, aproximadamente, nos mercados convencionais.
A informação levantou debates sobre a possibilidade de superfaturamentos nas compras de produtos alimentícios pelo Governo Federal e mobilizou políticos de vários partidos a retomarem as tentativas de retirar Bolsonaro do poder com um impeachment.
O deputado David Miranda (PSOL-RJ) protocolou uma ação pedindo que o aumento de 20% nos gastos com alimentos seja investigado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras. O documento também conta com assinatura das deputadas Sâmia Bomfim (PSOL-SP), Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e Vivi Reis (PSOL-PA).
Ciro Gomes (PDT) afirmou nas redes sociais que entraria na Justiça, exigindo explicações sobre os "gastos absurdos". "Mais de R$ 15 milhões em Leite Condensado e Chiclete com dinheiro público? Isso é corrupção!", esbravejou o ex-ministro.