Sérgio Moro solicita divulgação de seu depoimento na íntegra
O ex-ministro Sérgio Moro depôs por mais de oito horas para a Polícia Federal em Curitiba no último sábado (2) sobre o caso de possível interferência do presidente Jair Bolsonaro na escolha do novo diretor-geral da PF. O caso foi iniciado após a demissão de Moro do cargo de Ministro da Justiça, onde falou e demonstrou que Bolsonaro estava planejando uma interferência política. Moro citou diversos nomes durante sua declaração e pediu hoje (4) divulgação de todo depoimento.
Em seu depoimento, apenas poucas partes foram divulgadas a partir dos desdobramentos da investigação e da mídia. Moro disponibilizou várias conversas que teve com o presidente durante seu período no governo, além de citar ministros e demais políticos que teriam conhecimento da ingerência de Bolsonaro na PF. Dentre os nomes citados estão: o Ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos; o ministro do GSI, Augusto Heleno; o ministro da Casa Civil, Braga Netto; a deputada Carla Zambelli (PSL-SP); o ex-diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo; e os delegados da PF Ricardo Saadi, Carlos Henrique de Oliveira Sousa, Alexandre Saraiva, Rodrigo Teixeira e Alexandre Ramagem Rodrigues.
Os dados e nomes fornecidos à PF foram tantos, que o Procurador Geral da República, Augusto Aras, solicitou que a Polícia Federal: recolha depoimentos das pessoas citadas por Moro durante seu depoimento; recupere áudios ou vídeos que comprove a suposta tentativa de interferência; verifique as assinaturas do ato de exoneração do ex-diretor-geral da PF Maurício Valeixo; e pericie as informações obtidas a partir do celular de Sérgio Moro.
Aras sugeriu o mesmo prazo dado anteriormente pelo Ministro do STF, Celso de Mello, de 5 dias, para ouvir todos os citados. Todos os pedidos de Aras serão apreciados por Celso de Mello após o envio do documento hoje (4).
Após esta solicitação de Aras, Moro pediu, via seus advogados, que todo o seu depoimento fosse divulgado. Os advogados alegam que a imprensa "vem divulgando trechos isolados do depoimento" do ex-ministro e pode gerar dubiedade na interpretação. O pedido também foi feito ao STF.