Contrariando Bolsonaristas, Ministro da Saúde afirma que em alguns lugares 'lockdown será necessário'
O Ministro da Saúde Nelson Teich, tem se posicionado constantemente encima do muro em relação as medidas de distanciamento social adotadas por vários estados. Nesta semana, alguns estados iniciaram o decreto de “lockdown” restringindo ainda mais a movimentação de pessoas e a economia. Em entrevista, Teich não se mostrou avesso a tal medida.
Nelson Teich visitou na segunda e terça-feira a cidade de Manaus, uma das que mais sofre com o colapso do sistema de saúde e funerário. O Estado do Amazonas possui leitos de UTI apenas em sua capital e já registra casos com óbitos decorrentes de coronavírus em cidades mais afastadas e também em terras indígenas.
O Ministério Público do Amazonas já fez a solicitação para que a mesma medida seja adotada no estado, que está com a situação agravada. Após a sua visita ao estado, Teich disse em entrevista: "Vai ter lugar em que o lockdown é necessário, vai ter lugar em que eu vou poder pensar em flexibilização. O que eu preciso é que a gente pare de tratar isso de uma forma radical, até pra que a gente tenha a tranquilidade de poder implementar as medidas em cada lugar do país onde a melhor coisa vai ser feita naquela situação”.
O termo “lockdown” significa um bloqueio total, incluindo também o fechamento de vias e proibição deslocamentos e viagens não essenciais. No momento, o lockdown decretado e válido é o do Maranhão, que se iniciou na terça-feira (5). Todos os cidadãos que necessitarem se locomover para atividades classificadas como essenciais devem portar um documento comprovando o desempenho da atividade. As pessoas que descumprirem a medida estão sujeitas a multas e, a depender do caso e reincidência, a pena criminal.
O estado do Pará iniciará o lockdown em dez cidades da região metropolitana de Belém a partir de amanhã (7), com regras próximas a do Maranhão. Hoje (6) houve uma corrida aos supermercados e bancos da cidade.
Apesar destas ações, Teich reitera que a meta do Ministério é "flexibilizar o dia a dia das pessoas", e que as medidas dependem dos dados obtidos sobre a preparação do sistema de saúde e da curva de mortes em cada local. Por fim, afirmou que o plano ideal para o Brasil seria a testagem em massa e o monitoramento amplo da sociedade para assim evitar medidas radicais de mobilidade.
Apesar das palavras comedidas de Teich, o estudo sobre adoção de lockdown vai contra o que é defendido pelo presidente, Jair Bolsonaro, e seus seguidores. O presidente tem participado com frequência de passeatas contra a paralisação da economia e discutido com governadores, como João Doria (PSDB) de São Paulo, sobre os problemas econômicos gerados pelas paralisações totais.