Novo Ministro Fábio Faria é cercado de polêmicas políticas e pessoais
O recém recriado Ministério das Comunicações terá como Ministro o deputado Fábio Faria (PSD-RN), nome ligado ao chamado Centrão e que promete apaziguar as relações entre o Palácio do Planalto com o Congresso e a imprensa. Entretanto, a trajetória política e pessoal do novo ministro coloca em cheque sua futura atuação.
Quebrando promessas de campanha, Bolsonaro nomeou Fábio Faria. Este é o 23º Ministério do Governo Bolsonaro, em sua campanha a promessa era de ter apenas 15. Outra quebra de promessa foi feita com a aliança ao centrão, que ganha agora um ministério. Apesar da aguardada nomeação para um ministro da Saúde, apenas o novo ministério veio da presidência. A nova pasta das Comunicações é um desmembramento do Ministério da Ciência e Tecnologia e tem como missão: a política nacional de telecomunicações; política nacional de radiodifusão; política de comunicação e divulgação do governo federal.
O nomeado é genro de Silvio Santos, dono do SBT, e casado com Patrícia Abravanel, uma das herdeiras do canal de televisão. Patrícia e Fábio Faria possuem outros canais de menor porte como o TV Alphaville e a New Beginnings. Sua missão na família Abravanel é de intermediador entre Silvio e o presidente Jair Bolsonaro, já tendo o acompanhado uma visita à casa da família de Silvio Santos no ano passado.
Famoso pela sua vaidade e como figura pública, o pai de Faria, Robinson Faria já foi governador do Rio Grande do Norte e é o presidente do PSD local, além de proprietário de rádios locais. Mas Fábio já esteve no passado do outro lado do front, como apoiador e conselheiro dos governos petista de Lula e Dilma Rousseff. No período, era filiado ao PMN, e assumiu que votou no PT no passado e hoje se caracteriza como um dos principais adversário políticos no Rio Grande do Norte do partido.
Aos brasileiros: como 57 milhões de eleitores, votei no Pr Bolsonaro por estar insatisfeito com partidos que polarizaram e comandaram o país até 2018. Já votei no PT no passado, sim, mas em 2016, fui a favor do impeachment de Dilma e sou o maior adversário do governo do PT no RN.
— Fábio Faria 🇧🇷🇧🇷🇧🇷 (@fabiofaria5555) June 12, 2020
Agradeço a confiança do Presidente @jairbolsonaro por comandar uma pasta tão importante e que precisa estar na vanguarda dos próximos anos. Trabalharei para modernizar e unificar nossa comunicação dentro e fora do país, integrando-a às exigências que os novos tempos demandam.
— Fábio Faria 🇧🇷🇧🇷🇧🇷 (@fabiofaria5555) June 12, 2020
O novo ministro também já foi alvo de investigações pelo Supremo Tribunal Federal por recebimento de caixa dois eleitoral e crimes eleitorais, além disso, foi também citado em delações premiadas por executivos da J&F e da Odebrecht por repasse ilegal feitos para ele e seu pai em troca de favorecimento ilegal. Fábio negou envolvimento em todas as acusações e atualmente apenas um dos quatro casos no Supremo segue em investigação.
Segundo Fábio, a indicação não veio através de aliança partidária, mas sim como uma indicação pessoal. Bolsonaro deixou bastante claro a intenção de recriar o ministério e os motivos por trás da escolha do ministro: “Resolvi recriar o Ministério das Comunicações. Não haverá aumento de despesas, nenhum cargo foi criado exceto do próprio ministro. E, vamos ter alguém que não é um profissional do setor, mas que tem conhecimento, até pela vida que ele tem, né? Junto aí à família do Silvio Santos. Minha intenção é essa. É otimizar e botar o ministério para funcionar nessa área que estávamos devendo há muito tempo uma melhor informação”.
Com a criação do Ministério, o presidente extinguiu a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República e o ex-secretário especial, Fabio Wajngarten, foi renomeado para o cargo de secretário-executivo, o segundo na hierarquia do Ministério das Comunicações.