Paulo Guedes é interrompido e retirado de entrevista por general
No governo Bolsonaro, até Paulo Guedes começa a sentir as faíscas militares. Considerado o "braço direito" do presidente da república, o ministro da Economia foi humilhado durante uma entrevista à imprensa na última quarta-feira (23), ao ser abruptamente interrompido e retirado do local pelo secretário de governo, o general Luiz Eduardo Ramos, que colocou a mão no seu ombro e o "escoltou" para longe dos repórteres quando Guedes falou sobre a criação de um novo imposto para “fazer uma aterrissagem suave do nosso programa de auxílio emergencial”.
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Empurrado e obrigado a encerrar a entrevista, Guedes provou o que, talvez, nem ele imaginasse que sentiria diante da parceria com Bolsonaro, e pode ter eternizado uma imagem que ecoará por muito tempo, gesticulando para os jornalistas enquanto era levado por Ramos e o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros. "Agora tem articulação política", disse o ministro, já longe dos microfones e apontando para os guarda-costas. Assista ao vídeo:
A participação de Paulo Guedes no governo Bolsonaro ganha tons melancólicos: ele tem a entrevista interrompida por dois ministros militares do governo, num claro recado de que está sendo tutelado. Um governo militar, sem tirar nem por. pic.twitter.com/UB60OVXk6A
— William De Lucca (@delucca) September 24, 2020
A entrevista aconteceu após uma reunião das alas política e econômica do governo com Bolsonaro. Segundo Guedes, foram descobertos 38 milhões de brasileiros "invisíveis", o que motiva a necessidade de reincorpora-los ao mercado de trabalho. "Então, temos que desonerar a folha. Por isso que a gente precisa de tributos alternativos para desonerar a folha e ajudar a criar empregos”, explicou o ministro.
Ao comentar sobre o Auxílio Emergencial, Guedes afirmou que está trabalhando para fazer a "aterrissagem suave" ao final do pagamento de todas as parcelas do benefício, encaminhando a proposta do governo para o relator Aguinaldo Ribeiro e demais integrantes da comissão mista referente à reforma tributária, com expectativa de aprovação dos projetos em 2020.