Bolsonaro entrega MP do Auxílio Brasil e negocia valor do novo Bolsa Família
O presidente Jair Bolsonaro entregou nesta segunda-feira (9) à Câmara dos Deputados a medida provisória do Auxílio Brasil, promovendo um semi-espetáculo com sessão de fotos durante a entrega presencial da MP que deverá atrasar as soluções do benefício aos brasileiros com um possível processo de substituição do Bolsa Família, mesmo que seja necessário estourar o teto de gastos públicos, o que gera um embate direto entre Bolsonaro e os administradores do Orçamento da União sobre o valor final do benefício.
Para a corrida política de Bolsonaro, só é possível mirar em uma vitória nas Eleições de 2022 com um valor de R$ 400 para o Auxílio Brasil, mas a equipe econômica alerta antecipadamente sobre a iminência de dívidas com esta quantia, que deveria ficar em torno de R$ 300 de acordo com a análise do orçamento.
Pensando nisso, Bolsonaro entregou a MP sem especificar valores e afirmou que irá aguardar o Congresso aprovar medidas para viabilizar o maior montante possível ao benefício, que só será especificado no final do ano, às vésperas da intensificação dos trabalhos para a campanha eleitoral do ano que vem.
A criação do Auxílio Brasil utiliza uma estratégia simples e perigosa para arrecadar novos eleitores em meio a uma queda gradativa de aprovação no país. Determinado a "reconquistar" parte dos responsáveis por sua eleição em 2018 que já se arrependeram do voto anterior, Bolsonaro promete aumentar pelo menos 50% do montante em relação ao tíquete médio do Bolsa Família.
Junto com a MP do Auxílio Brasil, o governo entregou a PEC dos Precatórios, que propõe mudanças constitucionais para garantir o parcelamento de dívidas de precatórios a partir de 2022. Aparentemente surpreso com a quantidade de dívidas judiciais, o ministro da Economia Paulo Guedes já estava sendo alertado pela Advocacia-Geral da União (AGU) desde março, vários meses antes do fechamento da proposta de Orçamento de 2022.